Reconhecimento, depressão e os primeiros lugares na Amazon

Olá povo, tudo certinho por aí? 

Hoje eu só vim aqui para conversar com vocês. Isso mesmo! Tem dias que a gente tá assim, precisando falar, ou no caso, escrever. 

Como vocês devem saber, nesse final de semana que passou, foi o "Um dia à 0,00" (que no caso foram dois dias, mas enfim... ) E eu coloquei dois contos disponíveis gratuitamente na Amazon. E o resultado foi muito melhor do que eu poderia imaginar. Foram 400 e-book baixados de forma gratuita e alguns exemplares do meu livro Os Sonhos de Rita comprados e lidos também através do Kindle Unlimited. Meus contos chegaram em uma alta colocação na Amazon. 

Classificação geral

E isso é uma conquista e tanto. Uma conquista para comemorar. Comemorar e agradecer. E eu fiz isso. E hoje estou aqui para reforçar : Muito obrigada!!!! 

Mas o problema é que para quem não sabe, eu tenho depressão há alguns anos. Eu sei, eu sei, não parece. Mas felizmente, os nomes de nossas doenças não estão estampados em nossa testa. 

Desde que eu comecei a publicar minhas histórias, seja através de livros físicos, amazon, pelo blog... as coisas melhoraram bastante. Mas quem conhece a depressão*, sabe que ela é cruel. Um dia a gente tá bem e no resto da semana, tá querendo morrer. Ela faz com que a gente se sinta inútil, a pior das pessoas, dispensável. E assim a gente acaba se auto sabotando, boicotando a gente mesmo. 

Então como eu estava dizendo, eu estava lá final de semana, feliz da vida, conquistando novos leitores, quando de repente comecei a me sabotar. Sem querer, comecei a ter pensamentos extremamente negativos. Pensamentos esses, que eu não conseguia controlar. Aí eu fico atacada, começo a sentir o peito doer, falta de ar, coração acelerando, o corpo dói. "Ninguém quer ler o que eu escrevo" "Ninguém vai gostar dessa porcaria" "Estou na pior colocação possível" "As pessoas tem pena de mim" "Ninguém gosta de mim e do que eu escrevo" "Eu deveria morrer" "Eu não presto pra nada" e por aí vai. 

Agora que eu estou bem, eu vejo como eu estava surtando. Como nada do que eu dizia fazia o mínimo sentido. Como assim ninguém queria ler? E todos os números que a Amazon informava? E todos os recadinhos que eu recebi durante o final de semana? E todos os leitores que me acompanham? 

O problema é que o auto boicote é grande. Eu (e a depressão) crio o problema e começo a acreditar nele. Começo a ver coisa onde não tem e não enxergo aquilo que está ali, bem na minha cara. 

Eu acho sim que todo autor quer reconhecimento e ambição é bacana até certo ponto e normal. O problema é que essas crises não são por não estarem atingindo meu desejo. São simplesmente por causa de uma doença. E ela vai além do mundo literário. Eu começo a achar que meu marido não me ama e coitado, ele faz de tudo por mim. Eu começo até a duvidar do que a minha gatinha sente por mim. É bem complicado. Eu começo a achar que o blogger está me dando números errados, que eu não posso ter tantos leitores assim, que eu não mereço, que eu não sei fazer nada... 

E por que eu estou falando tudo isso? Como eu disse, primeiro, por que eu preciso falar. Segundo que eu quero me explicar de certa forma. Muitas vezes, recebo mensagens e e-mails e demoro dias para responder. Não é que eu não queira falar com vocês, mas é que as vezes eu não to legal. Tô me sentindo mal, to pra baixo, to triste. E eu não quero passar isso em minhas respostas. Então me perdoem pela demora as vezes. Terceiro que eu acho que tem gente que pode se identificar. Não só autor, mas também blogueiro, leitor. E é importante que esses saibam que não estão sozinhos. Mas que ficar se sabotando não é saudável e se as coisas estiverem demais é preciso pedir ajuda. Ajuda da família, dos amigos e até de um especialista, se for preciso. E quarto é ainda fazer um apelo. Não só por mim, não só por quem tem um problema, mas por todos. 

Todo mundo (ou quase, não vamos generalizar) quer reconhecimento. E reconhecimento não é babação de ovo (não pensaremos isso, não se preocupe), não é só elogio. Reconhecimento é saber que alguém está nos lendo - ok, sabemos que estamos sendo lidos, temos números para provar isso - mas não queremos números. Queremos pessoas. Queremos saber que vocês leram nossa história. Mesmo que não tenham gostado. Que leram nossa postagem, mesmo que não concordem com nada. Pelo menos eu quero isso. Fico feliz com cada comentário, com cada feedback, seja positivo ou não. É assim que posso saber o que eu estou fazendo bem e o que eu poderia melhorar. 

E é nisso que eu tento me basear quando as coisas estão difíceis. Números animam, com certeza, mas eles não tem o calor de um comentário, de um e-mail, de uma mensagem. E acho que muita gente vai concordar comigo. 

E é meio que isso só por hoje. Como eu disse, só queria falar, falar, falar. E posso contar um segredo? A medida que as palavras foram saindo, fui me animando, animando e agora já estou relativamente bem, me achando uma pessoa melhor do que me achava no começo da postagem. Então obrigada por me deixarem falar, pela presença de vocês aqui. 

Ah, mas eu ainda tenho mais um apelo. Por favor, não quero que nada mude entre nós depois desse desabafo. Eu ainda sou a Gih de sempre. Quero que vocês continuem me vendo da mesma forma. Eu ainda sou a chata, ainda sou a cricri, ainda vou reclamar de livros que vão contra o que eu acredito, ainda farei comentários enormes, ainda vou desabafar aqui as vezes, ainda vou lutar pelo que acredito, ainda quero que vocês me critiquem se preciso for. Preciso ter a certeza de que vocês continuarão a me ver do mesmo jeito. Não fiz essa postagem para ser tratada de forma diferente, fiz apenas para compartilhar com vocês algo que acontece comigo e que acontece com muita gente. 

Mas vou me despedindo que ninguém me aguenta mais que eu sei hahaha . Um beijão galera até amanhã com uma postagem mega animada, prometo. Amo vocês! 

*Comentários sobre a minha experiência, cada caso é um caso.