segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Eu Vejo Kate - Claudia Lemes



Título: Eu Vejo Kate 
Autora: Claudia Lemes 
Páginas: 352
Skoob
Sinopse: A HISTÓRIA RECOMEÇA 
Há um ano, Blessfield, uma pacata cidade do interior da Flórida, enterrou 12 mulheres vítimas do violento e cruel serial killer Nathan Bardel. Ele foi julgado, condenado e morto. Mas antes que as feridas da cidade pudessem cicatrizar, um novo assassino em série surgiu. Mais violento. Mais cruel. Usando o mesmo método que seu antecessor. E ele tem uma obsessão: ela 
ALVO NA MIRA 
Kate é uma escritora imersa na produção da biografia do assassino em série Nathan Bardel. Enquanto ela mergulha de cabeça na sombria vida do serial killer, ele próprio passa a acompanhá-la vivenciando as experiências conturbadas de sua biógrafa. À medida que se aprofunda nos mistérios de Bardel, Kate desperta outro assassino. Ela não sabe, mas sua vida corre perigo.
SERIAL KILLER X SERIAL KILLER 
Desde que Kate decidiu escrever a história de sua vida e de seus assassinatos, Nathan Bardel percebeu que mesmo depois de morto, poderia acompanhá-la. Ele vê Kate. Ele lê Kate. Ele a decifra enquanto ela o investiga. Quando Nathan descobre que um novo assassino está imitando seu método e assassinatos, fica furioso. Aquilo tudo lhe pertencia, foi sua criança e ninguém estava a altura de copiá-lo. Agora ele tem uma nova meta: encontrar o imitador. 
CAÇADOR DE MONSTROS 
Um agente especial do FBI que tem a capacidade de observar a cena de um crime e definir o perfil do criminoso, Ryan é um dos melhores profilers do país. Mas toda sua experiência será colocada à prova na busca pelo serial killer que não deixa pistas. Expert em Bardel, e envolvido com Kate, o detetive com um passado sombrio se vê mais uma vez numa investigação que pode terminar de forma trágica.





Minha Opinião: Esse livro estava na minha lista de desejados desde sua primeira edição. Então a autora lançou com a Editora Empíreo e surgiu a oportunidade de participar do book tour. Obviamente nem pensei. Aceitei o convite na hora. 

E agora, vocês poderão conhecer essa história... 

Nathan Bardel era um serial killer que estuprava, torturava e matava belas mulheres. 
Até o dia em que ele é capturado graças a Ryan, um agente do FBI. Então Bardel é condenado a morte. Mas as coisas para o agente, também não acabam bem, já que ele "surta" e é afastado do FBI. 

Meses depois, a escritora Kate decide escrever a biografia de Nathan. Nesse momento ele "acorda" do seu sono e passa a perseguir a autora. 
Mas coisas mais estranhas do que isso começam a acontecer. Kate recebe ameaças anônimas e a editora a paga para que ela pare de escrever o livro. Alguém definitivamente não quer ver esse livro publicado. 

Kate ignora tudo isso. E então surge um novo serial killer usando o mesmo Modus Operandi de Bardel. 



Eu Vejo Kate é narrado em primeira pessoa por vários personagens. Mas em especial Nathan, Kate e Ryan. E essa narrativa não nos permite que desgrudemos do livro. Apesar do tema extremamente pesado, a leitura flui rapidamente, pois queremos que todo o sofrimento acabe de uma vez. 

Sim, ler esse livro dói. Mas ainda assim, essa é uma dor que deve ser sentida. 

Claudia criou uma história real. E ela não nos poupa em momento algum. Temos sexo, violência, estupro, tortura e muito, muito sangue. E isso pode abalar muitas pessoas. Ainda assim, ele deve ser lido. E eu explicarei logo mais por que afirmo isso. 

Resolvi o mistério sobre o serial killer rapidinho. O que não me fez ficar menos desesperada. Pelo contrário. Saber a verdade, é o que mais doeu. Por que eu sabia onde tudo aquilo iria acabar. E eu sabia, que não havia para onde correr. 

Há tantos pontos positivos para falar sobre a obra. A escrita da autora, o enredo real e muito bem elaborado, a narrativa, a diagramação. Mas existem várias resenhas que falam sobre isso. Que apontam todos esses pontos. Então eu quero aproveitar esse espaço para falar além de tudo isso. 

Eu Vejo Kate é a realidade dura e crua. A verdade do que é ser uma mulher no mundo em que vivemos. O quanto o machismo é um grande problema. E que a misoginia mata todos os dias. Enquanto escrevo essa resenha, há uma mulher sendo morta, agredida, violentada. 

Alguns homens dessa história, acreditam que as mulheres são putas, vadias, cadelas. Que servem apenas para apanhar e são sacos de espermas. Que devem ser usadas da forma que os machos quiserem. E quando não forem mais úteis, podem ser descartadas. Um homem aqui, outro ali, pode virar um serial killer. Os outros viram pais de família, amigos, namorados. Alguma semelhança com a realidade? 

Esse foi de longe o ponto que mais me agradou na obra. Entendam que eu odiei a história o tempo inteiro. Por que ela é real. É horrível saber que essa história acontece mesmo, todos os dias. Com uma Maria, uma Fernanda, uma Eduarda... Mas a autora, problematiza tão bem tantas questões que é impossível não querer que o mundo inteiro leia este livro. 



Inúmeras vezes, temos a afirmação de que estupro NÃO é sexo. De que o estupro não é só com o cara desconhecido. 
Que mulheres decididas, independentes e feministas também sentem inseguranças. Também são assediadas. Também sofrem. E também podem querer um herói. 
O livro aborda ainda a violência doméstica. Nenhuma mulher quer apanhar. E sair de um relacionamento abusivo, SEMPRE é complicado.

O engraçado, é que esses tópicos não aparecem na maior parte das resenhas que li. Aparentemente, falar sobre o aspecto físico do livro é mais importante do que refletir sobre tudo o que ele esfrega na nossa cara. 

Mas eu não posso deixar de falar sobre isso. E queria que todas as pessoas que nos chamam de feminazis lessem a obra. Que todos os que dizem que é mimimi e vitimismo encontrassem essas páginas. Ler Eu Vejo Kate, não te fará entender o que é ter uma escova enfiada em seus buracos. Mas pode ser que faça você criar um pouco de empatia. E se a obra não fazer você pensar, meu caro amigo, minha cara amiga, você não tem muita salvação. 

Esse é o tipo de livro que eu quero jogar na cara de todo macho que diz que somos exageradas. O tipo de livro que eu quero dar para todas as mulheres que dizem que vivem em igualdade com os homens e que não precisam do feminismo. O tipo de livro que eu queria que nossos representantes lessem. Infelizmente, não iria funcionar para todos. Há aqueles que já viram e pensaram e fizeram coisas piores. 

Ler o livro foi relativamente fácil. Todos os dias vejo tantos relatos que a violência já faz parte da minha rotina. Mas fazer essa resenha, é muito mais difícil. Por que o que eu queria mesmo, era obrigar o mundo inteiro a ler esse livro. O que eu queria era esfregar esse livro na cara de todo homem até ele entender a diferença entre a misogia e a misandria. O que eu queria era reler esse livro para todas as mulheres até que elas entendam o que é sororidade. Sim, terminei esse livro um pouco mais violenta do que quando comecei a lê-lo. Mas com a vontade de usar essa "violência" para abrir os olhos do mundo. 

Foi por isso que eu fiz essa resenha. Ela não é nada técnica e há aqui milhares de desabafos. Mas eu devo essa resenha a todas as mulheres vítimas do machismo todos os dias. 





Sei que a resenha ficou "pesada" e que há palavras que podem chocar. Mas por favor, não se choquem com isso. Se choquem com as atrocidades que acontecem todos os dias a sua volta. Por favor, não fechem mais os olhos para a violência. 




E por hoje eu fico por aqui. 

Um beijo, se cuidem e até a próxima!

23 comentários:

  1. Nossa, Gih, se antes eu queria ler esse livro, depois da sua resenha, percebo que deveria já ter começado a ler.
    Eu amo livros com serial killers. Eles me intrigam (sim, sou doida)
    O que você falou sobre o que as mulheres são para alguns homens me lembrou um pouco Os Homens que Não Amavam as Mulheres.
    Eu acho um absurdo alguém pensar que estupro é culpa da mulher, seja pela roupa que ela veste ou o jeito que ela porta. Por isso, eu acho que um bom castigo para esses porcos seria a castração ou prisão perpétua ou até pena de morte porque um cara que faz isso sempre pode fazer de novo.
    Estamos no século 21 mas, algumas atitudes rementem ao século 13. O que acho absurdo são algumas pessoas, até mulheres, concordarem com isso.
    Eu concordo com todos os seus pontos de vista e desculpa os comentários revoltosos (eu me empolgo).
    Beijos
    Balaio de Babados

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    1. Oi Lu. Imagina, tem que se revoltar mesmo. Eu sempre me revolto. E é assim que podemos mudar as coisas. Se aceitarmos que tudo está bom, nunca iremos a lugar algum. E com certeza você precisa ler o livro. Acho que ele vai te agradar e muito. Tanto pela parte do serial quanto pela parte das críticas. Um beijão e bora ler hein!!!

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  2. Olá, Gih.
    Eu estava interessado no livro por causa da parte policial; sabendo que ele também possui um lado social muito crítico, certamente vou querer conferir a obra. Ver a realidade na literatura, na maior parte das vezes, serve para nos conscientizar.
    Ótima resenha.

    Desbrava(dores) de livros - Participe do top comentarista de novembro. Você pode ganhar um livro incrível!

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    1. LEIA Marcos! Tenho certeza de que você vai gostar. Beijos

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  3. Oii Gih! Já vi várias resenhas sobre esse livro e todas muito positivas e até um pouco assustadoras. Na verdade eu tenha muuuita vontade de ler esse livro, mas admito que não sei se vou ter estômago pra tanto porque sei que as coisas que a autoras fala são reais e acontecem e se tem uma coisa que não consigo ler sobre é o estupro. Já li uma cena de estupro uma vez em um livro que amo e fiquei chocada, quero dizer, a gente sabe que esse tipo de coisa acontece o tempo todo, mas ao mesmo tempo a gente não sabe de verdade como é e ter aquilo esfregado na nossa cara realmente impressiona.
    Gostei muito da sua resenha, principalmente daquela frase que você postou lá em cima (sobre o negocio de jardinagem) e mais ainda de todas as questões que você trouxe e que livro trata. Como você também fico muito irritada quando as pessoas falam que o movimento feminista é só frescura quando na verdade não é e nós não precisamos ler um livro desses pra saber disso, tá estampado na nossa cara. Quantas vezes a gente não vê notícias de mulheres que são vítimas de violência (sexual ou não) não só nas ruas, mas também dentro de casa? É um absurdo, infelizmente.
    Adorei sua resenha e sinceramente estou morrendo de vontade de ler (mas com um pouquinho de medo também).
    Estante de uma Fangirl

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  4. Oii Gislaine, Tudo bem?
    Já tinha visto esse livro mas nunca parei para ler do que se tratava, com a sua resenha fiquei doida para ler! Adoro livros com temas que envolvem serial killers, acho muito interessante tentar entender a mente dessas pessoas, seus motivos e o que levou a essa mudança na personalidade!
    Adorei seu blog, já estou seguindo! Depois dá uma passadinha lá no meu para conhecer! :)
    Beijos,
    Isa – Night Phoenix Books

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  5. Oi, Gih!

    Puxa, que livro forte menina... Realmente impactante!
    Confesso que tenho uma vontade imensa de ler desde que vi o lançamento dele pela Empíreo.
    Com sua fantástica resenha, fiquei com mais vontade de ler esta obra literária.

    Beijos!
    Danny
    Participe do sorteio #SomosTodosIguais no Irmãos Livreiros

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  6. Oi Gih, amei a sua resenha!

    Tenho bastante vontade de ler esse livro, mas um pouco de medo também do baque que vou ter ao ler!

    Beijos,

    http://sweetlikecaramel.blogspot.com.br

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  7. Oi
    Eu tenho curiosidade de ler esse livro, desde que vi a divulgação dele
    e a história parece ser incrível ainda mais por ser baseado em uma história real, deve ser mesmo tensa
    a leitura dele, gostei muito da sua resenha.

    momentocrivelli.blogspot.com.br

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  8. Oi, Gi! Fiquei muito feliz de você debater tão claramente os assuntos desse livro, pois, lendo a sinopse, nunca imaginaria quão fundo ele chega em temas tão polêmicos, como a agressão contra a mulher. É horrível pensar que ainda existam milhões de mulheres no mundo que se sentem mal quando ouvem o termo "feminista". Vivemos em um mundo que sair a noite é um perigo, que não podemos beber em copo de ninguém, que tudo é risco. Como alguém pode achar que ISSO está certo? Vendo a quantidade de machismo e violência por todo o lado, duvido realmente que algum dia cheguemos a uma igualdade de gêneros realmente justa, mas, como não podemos desistir, o importante é continuar disseminando textos como esse livro parece ser. Beijinhos, Beatriz.

    www.odiariodeumaescritorainiciante.blogspot.com.br

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    1. Oi Beatriz, tudo bem? Fico feliz que tenha gostado. Acho muito importante debater sobre esses assuntos e sempre procuro trazê-los para o blog. A estrada ainda é muito longa, mas quem sabe um dia a gente chega lá? Não podemos desistir de lutar. Um beijão

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  9. Oi, Gih! Tudo bem? UAU, ADOREI A RESENHA! "Eu Vejo Kate" é um livro que me chama bastante a atenção, pois sua premissa é ótima. Saber que a autora aborda a violência contra as mulheres e o machismo de uma forma tão real só me faz querer lê-lo ainda mais. Fico feliz em ver autores abordando esse assunto em livros pois parece que muita gente se finge de cego e ignora essa situação que é cada vez mais frequente em nosso dia a dia. Bom saber que existiu um autor como Stieg Larsson (o autor de "Os Homens Que Não Amavam As Mulheres") e que existe uma autora como Claudia Lemes. Espero que mais autores sigam o exemplo deles! :)

    Abraço

    http://tonylucasblog.blogspot.com.br/2015/10/resenha-premiada-muito-mais-que-5inco.html <- Tá rolando promoção do livro "Muito Mais Que 5inco Minutos" lá no blog! ;)

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  10. Oi, Gi! Até agora vi somente resenhas bem positivas sobre esse livro. A história parece ser muito interessante. Como amo suspenses, talvez leia esse algum dia. Beijos!

    http://frases-perdidas.blogspot.com.br/

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  11. Oi, Gi!
    Eu não sei nem o que dizer sobre essa resenha maravilhosa. Quando você falou "serial killer", eu já queria ler, mas quando você tocou no ponto do machismo, aí me ganhou. Toda vez que ouço alguma coisa sobre machismo e relacionamento abusivo, me dá um nó na alma, porque nenhum homem vai entender coisas que só a gente passa.
    Vou ler, claro que vou.
    Beijo

    http://canastraliteraria.blogspot.com.br/

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  12. Olá Gih!
    Nem preciso dizer que essa resenha ficou simplesmente sensacional.
    Não peça desculpas pelos desabafos. Em livros com temática mais real, devemos deixar os pontos mais técnicos de lado e deixar o coração levar.
    A vontade de ler o livro aumentou ainda mais. Porque se ele fala sobre violência contra mulher, ele merece e deve sim ser lido.
    Beijos!

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  13. Que resenha maravilhosa. Todo mundo falando super bem desse livro, eu amo histórias com esse gênero. Estou super curiosa em relação ao livro, quero ler pra já.
    Post it & Livros

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  14. Depois desta crítica, é impossível não querer ler este livro. Parece bastante interessante este título, dá para ver que é daqueles em que nos envolvemos ao máximo. Nada melhor do que esse tipo de obras :)

    http://ummarderecordacoes.blogs.sapo.pt/

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  15. Oi, Gih, tudo bem?

    Fico imaginando como você consegue resolver as charadas dos livros tão rápido! hahahaha
    Apesar do tema pesado, eu quer muito ler esse livro. Eu já tinha lido algumas resenhas e a sua era a cereja em cima do bolo que estava faltando. Acho que a junção da sua resenha com o seu desabafo fizeram eu ficar com mais vontade ainda de ler esse livro.
    Parabéns pelas suas palavras!

    Beijo
    - Tamires
    Blog Meu Epílogo | Instagram | Facebook

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    1. Prática Tami hahahhaha. Eu leio faz muito, muito tempo. E acho que tem o fato de ser escritora também. A gente acaba sabendo mais ou menos como pensa o coleguinha hahahha. E sou meio psicopata também kkkk. Tudo ajuda :3
      Espero que você leia o livro Tami e goste tanto quanto eu.
      Um beijão

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  16. Olá!!
    Amei a resenha, e apesar do medo que tenho de Serial Killers e de como fico meio paranoica quando leio algo sobre, a curiosidade aumentou muito lendo essa resenha então não tem como deixar passar tenho que ler... Nossa fico apavorada só lendo a resenha e sabendo dessa obsessão desse novo serial pela Kate, aff rsrs
    Bjocas

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  17. Oi Gih,
    Esse livro mexeu bastante comigo, fiquei até sem saber direito o que falar dele.
    Eu também descobri quem era o novo serial killer antes de ser revelado, na verdade naquela cena que o Bardel narra, vendo o dito cujo no sofá, mas isso não me preparou para a violência e crueldade que se passou depois. O livro me fez questionar bastante sobre o quão insensíveis somos com o que acontece no mundo...

    Adorei sua opinião.
    Grande abraço pra ti
    Leitor Antissocial

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  18. Esse livro me trouxe muitas reflexões também. Primeira vez que vi um serial killer não romantizado e mais próximo da realidade, o que achei MUITO bom. Adorei a escrita da Claudia. Acho que pecou uma coisinha ali e outra aqui, mas espero que ela siga nesse gênero para que eu possa ler mais coisas dela. É um ótimo livro nacional e me orgulho muito disso.


    (Carol)
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    Estamos sempre retribuindo visitas e comentários de amigos blogueiros :)

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