quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

os nossos momentos de depressão

Os nossos momentos de depressão
             Enquanto a água corria pelo meu corpo, eu tentava desesperadamente mandar toda aquela tristeza que me tomou conta nos últimos dias embora. Mas parecia algo tao complicado, era como se eu estivesse de volta, passando por todas as mágoas que já havia passado. Como se todas as pessoas que já tivessem me magoado, estivessem bem ali na minha frente. Eu via minha mãe me culpando pela separação dela e meu pai, meus colegas me chamando de gorda, meu ex junto com a minha amiga, minha irma me esnobando, minha chefe me mandando embora porque estava doente. E toda a dor voltou, com toda a força, voltou  todo o desespero e eu chorei, chorei. Devo ter chorado alguns minutos, horas, dias, talvez meses.
             A água lentamente parou de cair e eu percebi que não estava mais sozinha ali. Vi uma mão conhecida desligando o chuveiro. Uma mão muito conhecida, branca, grande. “Está frio” eu disse. Eu sei, ele respondeu, vem cá. E me puxou num abraço. E como num passe de mágica, me tirou de todo aquele pesadelo, me contou histórias para dormir, cantou desafinadamente só para me fazer rir. E me contou  que tudo era passado, que nada daquilo ia acontecer de novo. Que agora eu tinha outro namorado, ELE, que eu morava em outro lugar, estava em outro emprego , não fazia mais nada daquilo que outrora havia tanto me atormentado.
             E então , eu finalmente parei de chorar. Limpei todas aquelas lágrimas, o nariz e esbocei um sorriso que mais parecia uma careta. “Voce é linda sabia”, aquela voz conhecida me deu um novo animo. E ai eu achei que já estava pronta para começar tudo de volta. Voltar para minhas palavras que tanto andei distante. Voltar para aquilo que acalenta minha alma. As letras, as palavras, dançando formando frases sem fim.
            Talvez eu tenha perdido um pouco da facilidade de dançar junto a elas. Talvez meu vocabulário esteja tao cheio de dores e reclamações que eu não saiba mais escrever um bom texto. Mas eu preciso escreve-los. Porque escrever está dentro de mim. Faz parte do que eu sou. Talvez voltar a escrever faça com que eu me encontre de novo. E quando esse encontro acontecer, eu sei que vai ser lindo. E vou perceber que nada do que houve foi em vão. Que mudei, cresci, superei. E então, todas aquelas tristezas, vão virar paginas em um livro, que surpreendentemente será uma comédia. Porque depois que passa,a gente ri.
             “Depressão é quando voce acha que tudo na sua vida está errado, que voce perdeu tudo o que um dia te fez feliz e que voce nunca mais voltara a ser. Nunca mais vai voltar a sorrir. Voce se desgosta da vida, das pessoas, de tudo. Voce principalmente se desgosta de voce”.
               Não sei se depressão é a palavra certa para descrever tudo o que eu senti. Bipolaridade, talvez seja a mais adequada. Não procurei um especialista. Enquanto meu psicologo particular conseguir me animar dizendo, isso é sobras de TPM, eu vou levando. E escrevendo. E chorando e rindo. E posso cair de novo, nesse banho intenso de tristeza, mas enquanto eu tiver pessoas para me ouvir, ouvirem minhas pequenas loucuras, meus ataques de histeria e lerem o que escrevo, então estarei em pé novamente. E se sua pergunta agora é, “voce não acha que tem problemas psicológicos. “ eu respondo” todo genio tem problemas psicológicos. Porque comigo seria diferente.”
                Aqueles que me escutam, me leem, ao dono da mão branca(meu namorado)  e a todos os outros também.


Gislaine Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário