quinta-feira, 4 de maio de 2017

Por que você não pode me chamar de gordinha

E aí, meu povo. Tudo bem com vocês? 

Aqui está tudo ótimo. 

Sei que deveria estar falando com vocês sobre livros, mas meu ritmo de leitura está meio devagar muito devagar, na verdade Então vamos aproveitar essa fase pra fazer polêmica hahhaha 

Recentemente aconteceu uma coisa que ativou o modo hard da Gih problematizadora. 

Estava eu, tranquilamente, falando com um amigo quando ele comentou sobre a possibilidade da gente ficar e tal e que ele adorava as gordinhas. 

Deixemos uma coisa muito clara aqui: NÃO ESTOU FALANDO DE "possibilidade da gente ficar" porque nossa relação permitia esse tipo de comentário. E não, isso não é machista. NÃO É. ACREDITEM EM MIM! Pelo menos não no caso em questão. O problema foi a segunda parte do comentário "que ele adorava as gordinhas". 

Fiquei tão puta na hora, mas tão puta, que nem me dei ao trabalho de fazer textão. Mas aqui estou eu. Claro! 

Vamos devagar para que todo mundo entenda. Gorda não é ofensa. Magra não é elogio. De maneira nenhuma ficaria brava se eu realmente fosse gorda. Tá, daí vem a galera do vigilantes do peso pra dizer "Mas cê é gorda, Gih" Não, eu não sou. E eu vou explicar direitinho pra vocês porque eu não sou gorda. Gordinha também não. 



























Fora do padrão magro? Ok! Acima do peso pro seu gosto? Ok! Gorda? Não! 

Quando você chama uma pessoa desse tamanho de gorda, você comete vários erros. E mais uma vez afirmo, o erro não é ofender, pois ser chamada de gorda não é uma ofensa. Os erros são outros. 

* Quando você me chama de gorda, você desqualifica a luta de todas as pessoas gordas. Eu compro roupas em qualquer loja, não sou maltratada pelo meu peso, não sou discriminada, não sou zoada, não travo na roleta, não fico apertada nos bancos dos passageiros... Pessoas gordas tem todos esses problemas. Dificuldade de achar roupa, de caberem em acentos, de serem discriminadas. Quando você me chama de gorda, você tenta desqualificar a luta de inúmeras pessoas; 

* Quando você me chama de gorda, você ajuda a perpetuar a cultura da magreza excessiva. Você ajuda a promover um tipo de corpo que é inatingível para a maioria das pessoas. Mais uma vez, eu posso estar fora do que você considera bonito, fora do que você considera ideal. Mas isso não faz de mim uma pessoa gorda; 

* Quando você me chama de gordinha, você deixa claro que: estou acima do peso ideal, mas tudo bem, porque não sou GORDA de verdade. Estou dentro do aceitável. É como se você dissesse que ter quilos extras tudo bem, mas não pode exagerar. Você quer o quê, agora? Controlar a gordura do outro, é isso? Dessa forma, você exclui o gordo mais uma vez. Porque ele não é magro e tampouco está dentro do que é tolerável; 

* Porque essa obsseção pela magreza é algo doentio e perverso. E quando você chama uma pessoa que não é gorda de gorda você ajuda a perpetuar essa sociedade cheia de pessoas doentes e descontentes. E sabe qual é a verdade? É que a maioria das pessoas nunca será magra o suficiente. Não para você. Não para o seu padrão. E não para a doença delas. Sim, muitas pessoas "gordinhas" são doentes. Bulemia, compulsão alimentar... só pra começar. Longe de mim dizer que você é culpado você é, mas consegue agora entender a proporção do problema? 

Essa sou eu, em uma das épocas mais magras da minha vida. E sabem do que eu era chamada? De gordinha. Fofinha. PQP!!!! Eu olho pra esse foto, hoje, bem, sem estar em uma crise de bulemia e não fico feliz. Me acho magra demais, com a aparência de doente. Mas quando tenho uma crise, eu olho para esse foto e só consigo pensar que eu deveria pesar uns 10 kg a menos que quando tirei essa foto. Gorda! Gordinha! Fofinha! 


Talvez para o seu gosto, eu estivesse acima do peso. Talvez eu esteja acima do peso agora, na sua opinião. E isso não quer dizer que eu seja gorda, nem mesmo gordinha. Quer dizer apenas que eu não atendo aos seus gostos, mas eu não estou aqui para atender você, não é mesmo? 


Se me acho magra? Não! Se quero emagrecer? Quero! Mas eu não posso desqualificar a luta de quem sofre por causa do peso. E eu não posso deixar que você faça isso, ainda mais usando o meu corpo como ferramenta para tal.




 Gislaine Oliveira não cabe dentro dos seus padrões. 

9 comentários:

  1. Oi, Gi!
    Amei seu texto!
    Quando era criança, me chamavam muito de gorda e tenho isso até hoje na cabeça, apesar de não saber que não sou gorda. E muitos ainda dizem que bullying não deixa marcas.
    Beijos
    Balaio de Babados

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  2. Oi Gih, sua linda, tudo bem?
    Não fica assim não. Essas pessoas infelizmente existem. Não permita que elas assumam o controle do seu equilíbrio e do seu emocional. A única opinião que importa é a sua!!!!
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  3. Olá, Gih.
    Eu sempre estive acima do peso. E mesmo tendo emagrecido 26 quilos por causa de pedra na vesícula, ainda estou acima do meu peso "ideal". E fico louca da vida quando alguém vem com esse "inha". Ou então aquele você é alta. Gostei bastante do seu texto, adoro polemicas hehe.

    Prefácio

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  4. Oi Gih! Como sempre arrasando nos textos! Eu sempre foi acima do peso mas nunca me importei muito com isso, adoro comer hehehehehhe Acho a sua explicação super válida, vou até imprimir e entregar para alguns membros da família viu rs

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  5. Ooi Gih! Tudo bem?
    Isso aíí! Adoro os seus textões! Gostei muito de ver você falar sobre vários pontos para esse tipo de questão.. não pensava antes em algumas das coisas que falou e gostei. tipo, não pensava nisso da luta das pessoas gordinhas, sabe? é interessante ler essas coisas.
    eu nunca senti isso na minha vida.. mas aumentei um pouco meu peso de um tempo para cá e agora minha família fica dizendo que estou ficando gordinha, acredita? vou falar umas coisas para eles!
    beeijo

    https://lecaferouge.blogspot.com.br/

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  6. Olá Gih!
    Continua sim com seu eu problematizadora que eu adoro.
    Acho que nunca estive fora deste padrão de peso que as pessoas colocam. Então, eu nem faço ideia do que alguns passam.
    Mas, me lembro da época que eu era mais "cheinha" e o quanto falavam disso. Hoje vejo o tamanho daquela bochecha e até acho esquisita. Mas, nunca fui complexada com isso de emagrecer ou ligar para o que outros falavam do meu corpo.
    Em 2016, consegui recuperar os três quilos que perdi, porque eu sabia que a falta deles tava me fazendo mal. E você tinha que ver o que as pessoas falavam quando eu queria engordar. "Nossa, mas você não precisa, você tá bem". Miga, eu não estou bem, eu perdi três quilos de um mês para o outro, sem nem perceber.
    Odeio pessoas querendo se meter no nosso corpo. Ai ai!
    Beijos!

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  7. Oi Gih!
    Adoro seus textos polêmicos. E você é linda!!!
    Acho que você devia mandar seu "amigo" ir pastar ;)
    Se tem uma coisa que não tenho mais paciência é com gente irritante, a gente não é obrigada a aguentar, não. Vista o que você quiser, fale com quem você quiser, e seja feliz!

    Beijos,
    Sora | Meu Jardim de Livros

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  8. Oi, Gih! Eita, mulher, como assim 'possibilidade da gente ficar', vc não é casada? Hahaha. Então, esse negócio de 'inha' é complicado. A gente tem q pensar muito antes de dizer, pq deixa sim marcas na alma da pessoa. Sempre fui magriiiinha, mas depois q tive meus filhos, subiu um pouco o peso; não tem jeito, o corpo acaba mudando. E até hoje luto para me aceitar assim. E tenho ainda, o problema que minha filha com apenas 7 anos, já está acima do peso. Se não é fácil pra adulto, imagine pra criança. Vc tem q dizer pra ela 'não ligue para esse povo q te chama de 'gordinha'', ao mesmo tempo q tem q controlar a alimentação. Não é fácil, mesmo pq a gente sabe q excesso de peso não é sadio, ainda mais com criança. Esse sempre será um assunto polêmico. Bjs.

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    Respostas
    1. hahah, Va. A gente vive na filosofia do amor livre. Tenho até que fazer uma postagem sobre isso.
      Beijooooos

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