quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Caim - José Saramago

Aviso Importante: A resenha a seguir será do livro Caim, do autor José Saramago. Saramago é um autor conhecido, entre outros motivos, por suas críticas a religião e obras que ironizam algumas crenças. Saramago acreditava mais ou menos neste lema: "Leia a bíblia e perca a fé." Então se este tipo de coisa te incomoda, aconselho que você abandone esta postagem. 


Meus deuses, o que é que eu estava lendo que ainda não tinha lido Saramago? Se você que está lendo esta postagem ainda não leu suas obras, saia imediatamente daqui e vá ler agora mesmo. 

Já fazia algum tempo que eu me sentia um extraterrestre por nunca ter lido nada do autor. Então pesquisei, pesquisei, procurei por resenhas, sinopses, informações adicionais e decidi começar a ler sua obra por este livro. E não podia ter feito uma escolha melhor. Vale lembrar, que eu não tenho religião então esta foi uma obra perfeita PARA MIM. Para você, que é religioso ou que não curte crítica a religião, não sei se este livro é o mais indicado para você. 




Título: Caim
Autor: José Saramago
Páginas: 174
Skoob
Sinopse: Neste romance, o vencedor do prêmio Nobel José Saramago reconta episódios bíblicos do Velho Testamento sob o ponto de vista de Caim, que, depois de assassinar seu irmão, trava um incomum acordo com deus e parte numa jornada que o levará do jardim do Éden aos mais recônditos confins da criação.
Se, em O Evangelho segundo Jesus Cristo, José Saramago nos deu sua visão do Novo Testamento, neste Caim ele se volta aos primeiros livros da Bíblia, do Éden ao dilúvio, imprimindo ao Antigo Testamento a música e o humor refinado que marcam sua obra. Num itinerário heterodoxo, Saramago percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha, conforme o leitor acompanha uma guerra secular, e de certo modo involuntária, entre criador e criatura. No trajeto, o leitor revisitará episódios bíblicos conhecidos, mas sob uma perspectiva inteiramente diferente.Para atravessar esse caminho árido, um deus às turras com a própria administração colocará Caim, assassino do irmão Abel e primogênito de Adão e Eva, num altivo jegue, e caberá à dupla encontrar o rumo entre as armadilhas do tempo que insistem em atraí-los. A Caim, que leva a marca do senhor na testa e portanto está protegido das iniquidades do homem, resta aceitar o destino amargo e compactuar com o criador, a quem não reserva o melhor dos julgamentos. Tal como o diabo de O Evangelho, o deus que o leitor encontra aqui não é o habitual dos sermões: ao reinventar o Antigo Testamento, Saramago recria também seus principais protagonistas, dando a eles uma roupagem ao mesmo tempo complexa e irônica, cujo tom de farsa da narrativa só faz por acentuar.  

Minha Opinião: Você já leu o antigo testamento(bíblia)? Ou pelo menos Gênesis? Ou pelo menos conhece, seja pela sua mãe, sua tia, o padre? Se sua resposta for negativa, talvez este livro não faça sentido para você. Mas se a resposta for positiva, vem comigo. 

Caim é uma outra versão do livro Gênesis. Nele, nós temos a maioria dos casos ocorridos na versão bíblica, mas com outro ponto de vista. Aqui, nós encontramos o Caim - esse mesmo, filho de Adão e Eva, aquele que matou o irmão Abel - vivendo cada um daqueles primeiros fatos bíblicos. 

Caim matou seu irmão e é amaldiçoado por Deus. Então ele passa a vagar pela Terra e é assim que ele conhece Abraão, Noé, viaja por Somoda e Gomorra, dorme com Lilith, conhece a Torre de Babel... 

Mas como eu falei anteriormente, Saramago é ateu. Então ele usou seu personagem Caim para criticar todos aqueles acontecimentos. Caim viaja pelo mundo criticando, causando debates, mudando fatos que estão na bíblia. Ele conversa com Deus. E critica-o. Como poderia um Deus cometer atos tão terríveis contra seus fiéis? Como poderia compactuar com a escravidão, o sacrifício, incesto, estupro? Saramago e Caim não aceitam isso. E eu nem preciso dizer, que compartilho de suas ideias. Me senti Caim durante toda a obra. Caim, este que foi negado por cometer um homicídio. Mas quantos homens de Deus cometeram crimes muito piores? Quantos ainda cometem? 



Esta é a opinião de Saramago sobre a bíblia. E ele expressa tudo isto nesta obra.

Na verdade, o livro todo é uma crítica a bíblia católica. E eu preciso dizer, que EU gostei muito disso. Há pouco tempo eu li Gênesis e me senti bastante incomodada. E agora, ao ler Caim, me senti de certa forma.... na falta de uma palavra adequada... consolada. Como eu disse, pessoas religiosas podem se sentir ofendidas. Ou não. Tudo depende da forma como você analisar a obra. 

Muita gente tem medo do autor, por achar que a escrita é difícil ou por outros fatores. Então eu digo: Neste livro - só posso falar desse por enquanto - não é. Eu achei bastante simples. Mas claro que Saramago tem lá suas particularidades - e ele pode. Não há travessões em suas falas. Os parágrafos são enormes. Mas em compensação, nos deparamos com um enredo que nos faz querer ler mais e mais. Nos deparamos inclusive, com um livro engraçado e irônico em muitos momentos. 

Terminei a obra, querendo mais. Pedindo bis. E minha próxima leitura do autor, será... alguém quer fazer apostas??? O Evangelho Segundo Jesus Cristo. 

Então para terminar, eu digo que indico sim este livro. Sem dúvidas eu indico. Se você é ateu ou simplesmente não tem religião, tenho quase certeza de que irá gostar. Mas se este não for o caso, e você mesmo assim quiser ler a obra, tente ler sem preconceitos. Este é só um livro. E não é isto que vai mudar suas crenças. 

Peço desculpas, caso em algum momento tenha ofendido alguém. Mas esta é só a MINHA opinião.

Um beijão e até a próxima!!!!!

10 comentários:

  1. Olá, Gih.
    Li apenas um texto do autor até hoje e gostei. Pretendo ler outras obras, mas não sabia por onde começar. Bem, agora já sei.
    Gosto quando autores tecem críticas e mostram outras visões. Isso torna a obra mais interessante e chamativa, pelo menos para mim.

    Obs.: Crítica não desmerece ninguém, é claro. Ofensas sim, isso desmerece. Isso não acontece no livro (tenho certeza, devido a reputação do autor) e nem na resenha. Não acho que ninguém possa se sentir ofendido com seu texto, Gih.

    Desbravador de Mundos - Participe do top comentarista de reinauguração. Serão quatro vencedores!

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  2. Não sou chegada em religião e crenças. Minha família sempre foi um pouco distante desse mundo todo, então por isso esse é um tipo de livro que eu evito. Mas pelo visto é uma obra ousada, o autor fala o que pensa e acaba por descobrir que muitos pensam igual. É um método bem interessante

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/
    Tem tag no blog, vem conferir!

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  3. Ia falar que sou religiosa mas me senti errada ao usar esse termo, Religião é algo perigoso, é algo que pega o sagrado e o usa mediante o querer dos homens conforme lhe convém. Religião por si só, para mim, é um modo de controle ou alienação dependendo do contexto em que é levada. Portanto digo que sou cristã, daquelas fervorosas (acredito muito em Deus), mas não uma praticante de doutrina do homem. Referente a Saramago, nunca li nenhuma obra dele, mas você me deixou curiosa com a resenha, me interessei. Acredito que não é só por causa que acredito em Deus é que tenho que me abster de variados tipos de conhecimentos, afinal, como se pode falar daquilo que não se sabe?! Adorei sua resenha!
    bjoss
    www.gizahcastro.com

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  4. Oi, Gih!
    Amei sua resenha. Tu sabes que eu gosto muito de como você escreve.
    Apesar de ser católica, eu gosto de ler livros que vão contra porque eu gosto de treta hahhaha Brinks. Eu curto ver o outro lado ou pensamento de outras pessoas em relação à religião.
    Não conhecia essa obra do Saramago, mas fiquei muito interessada em ler e ver esse outro lado de Gênesis.
    Beijos
    Balaio de Babados | Participe do sorteio do livro Marianas

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  5. Olá Gih, tudo bem?

    Não conhecia o livro e nem li nada do autor ainda, mas com certeza não compartilho da mesma opinião, mas gostei muito da resenha que me esclareceu muito sobre a obra, parabéns!.....bjs.


    devoradordeletras.blogspot.com.br

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  6. Olá, Gih.
    Eu sei exatamente como você se sentiu ao ler essa obra do grande Saramago! Eu li recentemente "Ensaio sobre a cegueira" e indico muitíssimo.
    É sempre muito complicado falar sobre religião, ainda mais de uma forma crítica, sem ofender ninguém, mas acho que as críticas têm que serem feitas sim, desde que de uma forma respeitosa, induzindo à reflexão, como é o caso aqui ;)
    Abraços.

    Minhas Impressões

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  7. Oi, Gih

    Eu sou católica e acredito muito em Deus, mas sou contra muitas coisas que a igreja prega e que a Biblia descreve. Meu Deus é misericordioso e ama todos os Seus filhos igualmente, então incluo nisso os homossexuais, por exemplo. Também não concordo com o fato da igreja querer impor o que a mulher pode ou não fazer com o corpo dela... isso só pra falar o básico, há outras coisas também.
    Sobre Deus permitir tanta coisa ruim... acho que Ele é quem mais sofre. Ele vê a gente se destruindo dia após dia, mas Deus não quer interferir em nossa vida assim como a igreja quer... por isso que eu cada vez mais acredito em Deus e menos na igreja. Volto a afirmar que sou católica porque me identifico mais com essa religião, acredito em Maria e no alcance da Santidade, mas eu não preciso de uma religião para acreditar no que acredito, né?

    Sua resenha ficou ótima, não foi nada ofensiva.

    Beijo
    - Tami
    http://www.meuepilogo.com

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    Respostas
    1. Ahhh, Gih. Eu respondi seu comentário lá na resenha de Proibido... contei até o final do livro! Eu ia comentar aqui, mas podia dar spoiler pra alguém. Se quiser ler está lá!
      Beijoooi

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    2. Pois é Tami, complicado.... Eu era bem católica, mas acabei me decepcionando com essas visões que não me representam sabe? Daí abandonei a igreja. Mas não Deus. Acredito e confio nele acima de tudo. Só não confio nos homens :(
      Ahhh, eu vi sue comentário. Até respondi lá =D
      Beijoooos

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  8. Olá Gih!
    Mesmo eu sendo uma pessoa que tem uma religião (sou espírita), acho a leitura de obras que criticam as religiões algo muito interessante e super bem-vindo. Sou mente aberta para isso!
    E se for pensar de um outro modo, este livro do Saramago pode ser uma crítica ao próprio ser humano, pois fomos nós que criamos a religião, não é?
    Ainda lerei "O ensaio sobre a cegueira" deste autor. Me indicaram!
    Beijos! :3

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